Tenho um sonho guardado.
Uma espécie de história que um dia escrevi,
sem sequer reparar nas palavras que redigi.
Dobrei folhas sem contar,
de imaginações,
viagens sem pregas ou dragões,
ou filmes de encantar.
Voei como pássaro sem asas,
em fogo aberto pelo céu coberto,
de esperanças sem destino,
ou marés despidas de caminho.
Andei como uma formiga,
palmilhando cantos num mundo,
sem o pranto de uma casa ou o fel de um coração.
Nadei como peixe sem guelras,
percorrendo todos os oceanos,
em busca de uma corrente,
daquelas que nos levam para onde o tempo acaba.
Lugar onde tudo começa.
Firmamento ao amanhecer.
Aquela bolha de ar,
forma que persiste
de conseguir sonhar.
Respirar.
E andar.
E tenho esse sonho,
algures
onde a memoria se esconde
e a lembrança adormece.
Vou busca-lo,
desenterra-lo sem olhar para trás,
sem notar,
que pelo corredor que me espanta a idade,
percorro toda a ilusão de um nome,
que dei ao sonho da minha infinidade.