Gostava de saber o que vocês escondem, aquilo que vocês contam ou não contam. Quando vos olho, apenas sinto a humilde sensação de vos despir, de vos retirar a roupagem que as capas vos galaneiam e me atirar no vosso intimo como um saltador que perpétua o seu honesto e altivo salto para uma água de letras, onde as frases se entrelaçam como pequenos jogos de prazer. O vosso corpo tem formas misteriosas, deliciosamente apetecíveis, onde os meus lábios sorveriam todos os momentos em que o desejo roçasse a paixão. Olho-vos com ternura, mas com a tristeza de vos terminar, naquele preciso instante em que as palavras terminam e se cai num vazio inaudito, onde a voz fica presa nos silêncios do fim. Agarro-vos e aprisiono-vos, na memória, em redutos desnudados de preconceitos, mas onde o conhecimento habita como um ermita assombrado pela dúvida e pela incerteza do tempo em que os meus dedos voltarão, de novo, a tocar-vos, os meus olhos a ler-vos e a minha alma a abraçar-vos.
Em vós não há tempo que o tempo possa esquecer. Em vós apenas vejo tudo o que a história conseguiu escrever nas estórias que em vós se erguem e vivem, mesmo que por uma fracção, a vida apenas possa ser esse mesmo tempo em que vos deitaste em meu regaço, mas partilhaste o mais inolvidável sabor do meu íntimo.