Confesso que não sou um grande amante da leitura de “Thrillers”.
Mas quando tive a felicidade de ler o ultimo livro do Luis Miguel Rocha “ A Mentira Sagrada” fiquei curioso, com uma espécie de sensação mergulhada no ventre de uma qualquer das múltiplas personagens que o Luis nos oferece, não gratuitamente, mas inteligentemente, e fui viajando pelas frases, pelos capítulos, por vezes escondendo-me para que nenhum dos “maus da fita” me vissem ( pois não seria muito agradável), ou que outros não se distraíssem das investigações em que estavam concentrados.
De facto, e eu sempre fui aberto a novas experiências, não podemos pensar que nunca vamos mudar de opiniões. Confesso que não gostei muito da experiência de ler “O Código Da Vinci”, pois pareceu-me sempre uma escrita previsível, uma espécie de formula mágica, em que não se pode sair dessas linhas ou então já não se sabe escrever. O que me surpreende, e que eu gosto, na escrita do Luis, é que ele tem a sua assinatura no seu formato de escrita, como todos nós autores, mas mostra ser muito criativo e versátil no conto, na condução do leitor pela história. E isso sem nenhuma formula mágica, de forma simples e sincera para quem lê.
“ A Mentira Sagrada” fala-nos de um mistério que atravessa os séculos. Quem foi afinal Jesus? Será que ele foi quem a Igreja Católica diz ter sido? Terá sido mesmo crucificado?
E tudo começa com uma carta. Reescrevo um excerto, não do Luis, mas que está no inicio deste livro...
“ Instruam todos os confidentes para que vo-lo apresentem na primeira noite de cada eleição. Que a sua leitura seja o primeiro acto oficial de todos os herdeiros de Pedro. É de importância vital que tomem agnição deste segredo. Guardem-no em local esconso e não permitam que seja lido por mais alguém. Qualquer quebra neste ritual, nos próximos séculos, poderá significar o fim da nossa tão bem amada e estimada Igreja.
Clemente VII, 17 de Junho de 1530”
Este é o mote deste livro. O Papa Bento XVI toma posse e é-lhe entregue uma carta. Um escrito que passa de Papado em Papado e só o Sumo Pontifício pode ler.
E depois existe um manuscrito secreto na mãos de um milionário Israelita, Ben Isaac, que encerra muitos segredos, demasiados, um Evangelho.
A minha personagem preferida é Rafael. Um agente do Vaticano que é enviado para analisar e investigar o Evangelho. Gosto da sua fé, quase imperturbável, mas que se torna demasiado frágil com a Verdade, esse “Monstro” que nenhuma Igreja gosta muito.
Em certa parte do livro está escrito:
“ Eu não sou filho de Deus, mas sei o caminho para Ele.
Evangelho de Jesus”
Acho que devem ler, pois trata-se de um livro apaixonante, muito bem construído e onde se vão sentir, como já o disse, parte de uma história que vai obrigar-vos a questionarem-se sobre as vossas próprias crenças.
O Luis é de facto versátil, depois de um livro como “A Virgem”, deu-me agora o prazer de ler este “A Mentira Sagrada” que revela uma astúcia e um caráter de escrita únicos.
O Vaticano?
Não sei, mas quanto à minha fé, ela apenas é uma circunstância da minha existência, quanto à vossa, depois de lerem este livro, talvez passe a ser um defeito da vossa personalidade.
Já está à venda e é para lerem.