podes pensar, podes falar, mas tudo o que escrevas tem o poder de ficar.
15 de Março de 2011

 

 

 

Acabo de escutar mais uma entrevista do nosso enfadado Primeiro Ministro. O discurso do coitadinho já cansa. As palavras de um dito Salvador que veio anunciado para livrar este pais da desgraça, já está demasiado gasta e é inacreditável como ele ainda tem fé nelas. As idéias, bem essas, nem se discute, pois estão fechadas, vazias, envolvidas por um manto de lama, capazes de se transformarem em correntes que nos podem algemar e encarcerar para quase todo o sempre.

Mas tenho de admitir que ele é um encenador nato, um actor que desenha muito bem a sua peça, o seu papel, e o representa em palco como poucos em Portugal. Hoje, houve acordo com os camionistas, e ele conseguiu fazer aquele numero de “Olhe, não sabia, uma boa noticia hoje...” em que muitos acreditaram, mas que ele aproveitou para desviar mais uma vez a atenção da sua enorme falta de verdade, e sair como benfeitor deste pais à beira mar plantado.

Eu detesto os papeis de Calimero, por mais respeito que eu tenha à personagem ( do pobre pinto preto, claro). Este Sr. Sócrates abusa em demasia deste numero. Não gosto. Nós não precisamos de choradinhos.  Já bastam os que sentimos todos os dias quando nos deparamos com as contas, as dividas, as compras, os números quase sempre no limite das nossas possibilidades. Precisamos de gente séria, de pessoas que nos digam sempre a verdade, que saibam qual o caminho de facto a seguir, que falem pouco e trabalhem bem, que consigam unir esforços para enfrentarmos, todos, os sacrifícios e os desafios do futuro. Utópico? Até pode ser, mas do sonho não me consigo livrar, talvez porque acredite que existem pessoas assim, apenas não as deixam chegar à vida política.

Não me vou alongar nas criticas desbaratadas à classe política actual. Vejo-a toda com grande desconfiança. E por isso, temo pelo futuro.

Quero falar de um descontentamento geral, de pessoas que estão fartas, que querem ver a luz ao fundo do túnel, esse mesmo que não para de crescer, sem fim à vista. Este sábado foi a contestação da “Geração à Rasca”, que acabou por envolver muitos mais do que simplesmente jovens. Falo dos comentários sucessivos no Facebook, revelando uma impaciência continua com todo o quadro socioeconômico do pais.  Falo da uma musica que vai representar Portugal no Euro Festival, símbolo do estado de espírito de uma sociedade que se vê no meio de um circo, fazendo o papel de palhaços. Falo das conversas de café, das paragens de autocarro, de telemoveis, ou simplesmente de casa.

O desgosto é geral. Mas a vontade de mudar, de alterar o rumo é, a meu ver, o que falta mesmo. Podemos fazer manifestações, colocar idéias e criticas severas nas redes sociais, até mesmo gritar e fazer greves... mas sabem a única coisa que de facto pode mudar Portugal?

O VOTO.

A constituição Portuguesa diz assim:

 

”Artigo 1.o

(República Portuguesa)

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade

da pessoa humana e na vontade popular e empenhada

na construção de uma sociedade livre, justa e

solidária.

 

Artigo 2.o

(Estado de direito democrático)

A República Portuguesa é um Estado de direito

democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo

de expressão e organização política democráticas,

no respeito e na garantia de efectivação dos direitos

e liberdades fundamentais e na separação e interdependência

de poderes, visando a realização da democracia

económica, social e cultural e o aprofundamento

da democracia participativa.

 

Artigo 3.o

(Soberania e legalidade)

1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que

a exerce segundo as formas previstas na Constituição.

2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se

na legalidade democrática.

3. A validade das leis e dos demais actos do Estado,

das regiões autónomas, do poder local e de quaisquer

outras entidades públicas depende da sua conformidade

com a Constituição.”

 

Se não forem votar, expressar a vossa vontade, seja ela qual for, então digo-vos, não vale a pena fazer tudo o que já foi feito, porque não foi nada, rigorosamente nada.

Mas façam-no com a lógica do vosso raciocínio e deixem, definitivamente, os ideais dos vossos pais, os de Abril ou de uma outra época que já não conta no momento. Leiam, investiguem, reflitam. E votem pela vossa própria consciência. Acreditem que só assim poderemos mudar, só assim poderemos fazer com que esta escória comece a afogar-se na sua própria armadilha. Mas precisamos de participar. Votando.

Neste momento difícil para todos, a abstenção é dar a vitória que eles, os políticos, querem. A vitória do desinteresse, do desligar de um pais que deriva apenas entre a promiscuidade e corrupção política, e um aglomerado de gente que “fala, fala, mas não faz mossa”...

Em Abril cantou-se “O Povo é Sereno”... É altura de se cantar verdadeiramente:

“ O Povo está de Volta.”

Cuidado Mr. Sócrates... 

 

 

publicado por opoderdapalavra às 23:27
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