Um dia, num encontro de amigos e enquanto contava os pormenores de uma aventura estupenda que acabara de viver, eles simplesmente comentaram “tens muito material para escrever”. O espanto de tais palavras não bateram em mim nesse preciso momento, mas uns mais tarde. De facto, um escritor anda grandes caminhadas mentais em busca de uma inspiração, quando a pode encontrar em tudo o que vive e experiencia.
Não escondo que sempre desejei escrever um livro em que as pessoas que o lessem conseguissem atingir os níveis mais elevados do sonho em si. Perfeição? Talvez. Mas gostava de sentir que um leitor conseguisse voar e planar sobre nuvens inventadas, um novo céu e tocasse um novo mundo. As ideias podem ser sempre múltiplas, mas fui-me abstraindo de uma antiga máxima de que mostra o que tens dentro de ti e mostrarás sempre um mundo novo. Os sonhos estão aqui, nos dedos que compõem estas frases, nos olhos que acompanham a construção deste texto e na alma que se abre e se mostra em histórias, sejam elas de que tamanho forem.
Eu fiz um caminho de Santiago. Nunca me atrevi a escrever sobre ele. O atrevimento, achava, seria sempre demasiado pequeno perante a grandeza de tal experiencia. Cheguei a ler alguns testemunhos, artigos e descrições sobre o que era o caminho. Todos diziam que não seriamos nós que descobríamos o caminho, mas sim ele a nós. E pensava, como pode ser possível tal pressuposto? Outra partitura de opiniões era a de que o caminho se fazia caminhando...sim, claro, ou então de bicicleta ou a cavalo. Simples, não? Das ultimas eram as pessoas que se cruzavam connosco e as possíveis mensagens que nos iam entregando, como que premonições de vida.
Quando preparava o caminho, sabia que seria algo de especial, mas nunca percebi o quanto especial seria mesmo.
Tudo o que li, compreendi, apreendi e descobri.
Não querendo ser demasiado presunçoso, mas foi mesmo o caminho que me descobriu e não eu a ele. O caminho faz-se mesmo caminhando, como os passos que damos a cada segundo no percurso das nossas vidas, como cada batimento do coração e recebi muitas mensagens. E descobri pessoas muito especiais, únicas e repletas de uma espiritualidade especial.
E é isso que desejo escrever nos próximos textos deste blog, textos, histórias, testemunhos de um caminho que condiz com o da nossa vida, com aquele que nos leva através do rio das nossas existências. De facto, os meus amigos tinham razão, eu tinha muita matéria para explorar e escrever, fazendo o que gosto, o que adoro e o que amo.
Até já.