Hoje vi o sol abraçar as nuvens, como quem abraça com amor, com o desejo de se possuir nos braços um aperto que não dói, apenas aconchega.
Hoje senti uma leve brisa roçar-me a face, trazendo frio que não rasga a pele, apenas a refresca e diz-lhe: “estás viva”.
Hoje fechei os olhos e imaginei como seria o voo do pássaro, coberto pelas sombras do horizonte, colhendo as pequenas gotas de chuva no seu dorso, e laminando o céu de asas bem abertas.
Hoje cerrei as mãos e pensei como seria se toda a chuva que cobre as nossas cabeças se invertesse e regasse o universo, deixando-o florir pétalas de malmequeres, orquídeas que floriam, begónias que se estendiam pelo infinito. Seria olhar o espaço e ver um jardim quase cair-nos sob o corpo, onde podíamos sentir o cheiro primaveril de toda a existência.
Hoje deixei-me estar perante a simplicidade. Ela é tão pura que transforma toda a complexa alma num mero espírito vagueante, em busca dos seus sonhos, daqueles que imperam dentro do seu coração de menino.
Obrigado Vida... afinal a criança ainda vive...