podes pensar, podes falar, mas tudo o que escrevas tem o poder de ficar.
16 de Janeiro de 2014

 

 

 

 

(...) O escritor tem de deixar escorregar a sua caneta, gastar a sua imaginação e deixar-se ficar à parte da história. Um escritor não pode ser parte da história. Cada história tem a sua própria personalidade, autónoma e livre. Escrever é um acto de fecundação. É uma folha que nos deseja. É o tempo em que o corpo imaginativo do autor se desfaz no sexo daquela folha, nua, muitas vezes virgem ainda. É aí que o escritor a penetra com suavidade ou com a astucia, até ferozmente, sem nenhuma educação ou até, muitas vezes, com muito respeito. Depois de a semente ser colocada, vem o período de gestação, o montar do corpo da história, que se vai transformando de pequena célula num conjunto de membros, de braços, pernas, olhos que vêem, boca que fala, ouvidos que ouvem, cheiros que se alastram. E acontece o parto. Nesse preciso momento, o escritor deixou de ser, de existir. A história continua. Parte, e o escritor, cortejando a janela da sala onde a escreveu, olha o horizonte, melancolicamente. Fecha os olhos, recosta-se no silêncio e adormece, descansando. A história toma o rumo de um filho acabado de ser criado. Ela agora é do leitor. Escrever é uma aventura de criação, educação de um filho, e depois deixá-lo ir, para ser enamorado por todos aqueles que se apaixonarem pela história. 

publicado por opoderdapalavra às 22:54
06 de Janeiro de 2014

 

 

 

 

E por vezes chega um anjo

Não traz as asas em penas de cetim

Nem traz uma auréola brilhante

Mas vem de braços abertos, aconchegando o corpo dos outros

Traz um sorriso que inunda qualquer lábio fechado

Consegue comportar uma luz que não se vê, mas se sente

São abraços que apertam o coração num calor de fazer lágrima

Mas só uma gota que cai de alegria

Pois todos os segundos se tornam risos e instantes de pura vida

São anjos assim que fazem acreditar que o tempo tem simplicidade

De um sentimento, de uma partilha, de um dar sem pedir

Eles ajudam-nos a perceber que também somos um pouco de todos

E que todos serão sempre um pouco de nós

Na vida não existem caminhos perfeitos,

Mas podem existir anjos que tornam os caminhos um pouco menos imperfeitos

E por vezes eles chegam

Sem voarem, nem vestirem capas de doce veludo

Vem porque tem apenas uma vontade

Não se sabe de onde eles vem, mas sabe-se sempre o que trazem

Um pouco mais do que aquilo que conseguimos ter, Vida!

Obrigado Anjos! 

publicado por opoderdapalavra às 23:00
04 de Janeiro de 2014

 

 
 

Por vezes escrever a palavra amor não é assim um acto tão fácil quanto parece. Deliramos por ele, derivamos entre o sorriso e a lágrima, deambulamos entre uma nuvem no céu e uma labareda no inferno. Tudo pela palavra. Mais do que uma simples conjugação de letras, é um conjunto de sentimentos, todos misturados e tantas vezes desordenados quanto os pulos do nosso coração. Mas deixai-me partilhar um significado dela,

Ela pisava o chão como pétalas de rosa que traçam um caminho. Ele olhava-a de soslaio, imaginando todas as formas de lhe dizer o que parecia explodir-lhe o peito. Estavam perto corpo por corpo, sem que se tocassem, apenas na fracção do segundo que separa o tempo, assim se distanciavam entre um beijo e apenas um desejo. No ar havia uma espécie de silêncio, que cobria todos os gritos, toda a azáfama de milhares que se juntavam para celebrar. Mas eles, tontos com o que lhes cobria a alma, estavam imunes a essas agitações.

A coragem é uma rebeldia que se expressa nas formas mais entusiastas possíveis e imagináveis. A coragem de jogar os joelhos no chão molhado, coberto por uma fina camada de frieza. A coragem de olhar nos olhos de quem damos tudo o que nos vai dentro. A coragem de lhe dizer que a amamos, que todo o presente e a construção do futuro só têm sentido com ela. A coragem de retirar do bolso uma pequena caixa, coberta de tanta ternura, de tanta vontade, e mostrar-lhe o interior. A coragem de perguntar, na simplicidade e na genuína existência do ser, “casas comigo?”. A coragem de esquecer que tudo existe à sua volta, que apenas uma pessoa inunda toda a existência do universo.

A rebeldia fez explodir lágrimas, faltas de ar que soluçaram, uma resposta tão desejada que traçou sorrisos. Os braços substituíram então as palavras, os joelhos no chão, o ar que deixara de ser respirável, as tonturas, os gritos, as lágrimas. Abraçar é confortar, é juntar, somarmos quatro braços, mãos que aconchegam, apertam e demonstram felicidade.

Podia contar um conto de amor, da palavra com que começo este pequeno texto. Mas nenhuma narrativa conseguiria descrever a beleza, a verdade de um momento tão rico quanto puro. Muitas vezes questionei tanto a palavra, tantas vezes chorei por ela, tantas ocasiões gritei por ela, tantas vezes a multipliquei, dizendo-a a quem quero, que ela se tornou uma quase obsessão no meu vocabulário. Leia-se a minha gratidão por ela.

No entanto, tenho de dizer-vos que a minha gratidão espelha-se neste meu pequeno coração que ficou encantado com imagens Shakespearianas, versão positiva claro, parecendo viver os encantos de uma bela História de Amor.

Posso ter nos dedos as palavras para escrever e descrever histórias, mas há quem tem todos os sentimentos para criar as reais histórias que nos preenchem de uma palavra só… Amor!

 

 
publicado por opoderdapalavra às 00:26
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Grata, sorrisos :o)
Quente.Arrebatador.
Leitura muito agradável :)Convido a leitura do meu...
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