E assim chego a um fim. A palavra esmorece, a ideia acaba, o sonho padece e a forma é enterrada. Não se consegue continuar quando o caminho termina, mesmo que bruscamente, mesmo que sem avisar. Tudo tem o seu fim, e as palavras também.
Cheguei sem se notar, parto sem ser notado.
Escrevi sem querer, deixo de escrever por querer.
Afinal quem ousa pensar que a folha fica tão branca quanto nasceu?
Quem pensa que todas as letras cabem em todas as histórias?
Assim deixo a minha história, por aqui, por ali, pelo terminar de uma passada, que cai no abismo do vazio.
Não sei se voltarei, afinal não se regressa do enterro, nem se renasce do que morreu.
Adeus palavra, adeus caneta fina que tantas vezes deslizou por entre os dedos e se aconchegou no frio das frases soltas, no quente das descrições, na indiferença dos diálogos.
Assim nasceu... e assim morreu.
Fim.