podes pensar, podes falar, mas tudo o que escrevas tem o poder de ficar.
25 de Julho de 2011

quem és tu Homem?

 

quem és tu que seguras nessa arma?

 

quem és tu que disparas contra o meu corpo?

 

afinal eu pensava que te conhecia

 

mas agora vejo que tudo foi uma sombra

 

nevoeiro que veio pela madrugada

 

e te vestiu da noite

 

com trajes de sangria

 

e jogou-te na loucura do dia

 

despido ficaste do nome dos teus pais

 

e carregaste o gatilho sem pudor nem ajuste

 

mataste o ventre dos sonhos

 

a lisura infinita de um alma futura

 

e destruíste todos os desejos

 

vontade sem lustres de uma paz magnífica

 

só porque achas que podes estar acima?

 

não Homem, estás cada vez mais abaixo

 

no fundo do poço sem fim

 

onde a rude dor do vazio

 

enche-te de lavras do arrepio

 

onde gritas por um caminho

 

mas onde ficas apeado pela tua culpa

 

pelo teu ódio

 

ganância

 

supro autoritarismo ordinário

 

pensas tu que podes mudar o rumo?

 

ninguém tem o poder de o escolher

 

apenas és pó por entre a areia da praia

 

e aí ficarás

 

sempre

 

no todo que te consome

 

e onde te joga como pão sem lume

 

sem te comer nem vender

 

ficas preso ao pensar do costume

 

mas Homem, atento tens de estar

 

ás balas que vão disparar

 

para teu corpo padecer

 

no fogo de um alvorecer

 

e aí, morto serás

 

como pétalas de um outono sem prumo

 

mas onde ficas com a dor da pergunta sem fundo

 

quem és tu afinal, Homem?

 

 

 

 

 

 

publicado por opoderdapalavra às 00:19

 

 

 

 

 

 

 

rasgo os momentos do meu silencio

não posso seguir sem o barulho

esse som que sai dos teus lábios

soletrado ao segundo por um ímpeto fugaz

sem a promessa de ficares

mas com a certeza de existires

saio por entre as portas do meu pensar

e fico cego com a luz do sentir

sem conseguir respirar

deixo-me cair no precipício dos teus braços

curtos que me sustentam a queda

acolhes-me no teu regaço

leito onde a dor profícua do passado me assaz

mas logo me fundo com o desnorte

pois o meu desejo de repisado é nulo

vazio poço de regressar onde não quero chegar

apenas vejo que em ti a vida se desloca

de dia em dia sem que a noite se importa

que venhas despida ou em nu de pele sofrida

para que em meus dedos possas aliviar

teu corpo marcado pelas ruas abusivas

essas que te ceifaram a pureza

de seres menina amada

mas que agora és mulher erguida

admirada pelo sabor de um ardor

amor que deixo aqui estampado

sem que possa dizer assim mesmo

pelas palavras que me foram

e se perderam no infinito do horizonte

no lugar onde apenas os segredos se deleitam

e onde o futuro se esconde

um sitio onde havemos de pensar o nome

identidade a guardar no sótão do nosso vislumbre

quero fazer o silencio

aquele que rasguei mas que não amei

agora abraço-o com o tremor do pensamento

para ficar aqui a olhar-te

no meio do manto do relento...

 

 

publicado por opoderdapalavra às 00:16
19 de Julho de 2011

Há muito que não escrevia no meu blog... mas voltei... espero que a tempo de vos apanhar e vos cativar com palavras, e outros sentidos...

Aqui fica mais um testemunho, para o mundo...

 

vens com os pés descalços

sozinhos da alma de um trapo

os teus passos estão despidos

sente-se a firme ausencia dos teus sentidos

não consigo ver-te na sombra

apenas sinto teus dedos

toque ancestral dos pensamentos

vens como a noite

cais na lizura do tempo

quem te vê apenas sabe do silêncio

sem a formosa palavra

que te chama e te aclama

vens pela rua sem nome

onde me perdi com a memória

passado afogado em lágrimas

rude caminho de urtigas

não me tragas a frase sem voz

não quero sentir

nem mesmo ler, ou ouvir

quero esqueçer o que trazes

quero que fiques no teu vazio

com a força da minha ignorância

mas sem o poder do meu saber

assim quero voltar

para onde os braços me acolhem

e posso de novo saborear

o doce gosto do escrever...

publicado por opoderdapalavra às 15:10
Julho 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
20
21
22
23
24
26
27
28
29
30
31
Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
Posts mais comentados
5 comentários
4 comentários
4 comentários
3 comentários
2 comentários
2 comentários
2 comentários
mais sobre mim
pesquisar neste blog
 
últ. comentários
José Hermano Saraiva costumava dizer que a pátria ...
Ao ler esse texto senti orgulho no peito, o mesmo ...
Encontrei o texto hoje...Uma pequena correcção, as...
Obrigado Isabel. Concordo consigo, os Amigos apena...
Carlos, bonita homenagem a um amigo. Que o Luís re...
O que mais me chama a atenção, neste...
A tua escrita acompanha o teu espírito. Amadurece ...
Grata, sorrisos :o)
Quente.Arrebatador.
Leitura muito agradável :)Convido a leitura do meu...
blogs SAPO