quem és tu Homem?
quem és tu que seguras nessa arma?
quem és tu que disparas contra o meu corpo?
afinal eu pensava que te conhecia
mas agora vejo que tudo foi uma sombra
nevoeiro que veio pela madrugada
e te vestiu da noite
com trajes de sangria
e jogou-te na loucura do dia
despido ficaste do nome dos teus pais
e carregaste o gatilho sem pudor nem ajuste
mataste o ventre dos sonhos
a lisura infinita de um alma futura
e destruíste todos os desejos
vontade sem lustres de uma paz magnífica
só porque achas que podes estar acima?
não Homem, estás cada vez mais abaixo
no fundo do poço sem fim
onde a rude dor do vazio
enche-te de lavras do arrepio
onde gritas por um caminho
mas onde ficas apeado pela tua culpa
pelo teu ódio
ganância
supro autoritarismo ordinário
pensas tu que podes mudar o rumo?
ninguém tem o poder de o escolher
apenas és pó por entre a areia da praia
e aí ficarás
sempre
no todo que te consome
e onde te joga como pão sem lume
sem te comer nem vender
ficas preso ao pensar do costume
mas Homem, atento tens de estar
ás balas que vão disparar
para teu corpo padecer
no fogo de um alvorecer
e aí, morto serás
como pétalas de um outono sem prumo
mas onde ficas com a dor da pergunta sem fundo
quem és tu afinal, Homem?