No dia 5 de Junho não vou votar.
Não porque me queira abster.
Não voto porque não posso.
Em resposta a um pedido de voto antecipado, com provas de ausência no dia 5 de Junho, a CNE respondeu-me o seguinte:
"g) Todos os eleitores não abrangidos pelas alíneas anteriores que, por força da representação de qualquer pessoa colectiva dos sectores público, privado ou cooperativo, das organizações representativas dos trabalhadores ou de organizações representativas das actividades económicas, e, ainda, outros eleitores que, por imperativo decorrente das suas funções profissionais, se encontrem impedidos de se deslocar à assembleia de voto no dia da eleição."
Eu vou ausentar-me por motivos privados, logo, não posso votar.
Chego à triste conclusão de que Portugal não é um país livre. A Liberdade é um principio de todos, não uma mera ilusão de alguns.
Mas escrevo hoje para referir que, pela coerência a que a minha consciência me obriga, a partir deste texto vou deixar de falar, abertamente, de politica.
Porquê?
Porque penso que a legitimidade da partilha do pensamento tem de estar de acordo com a responsabilidade do exercício da cidadania. Eu como não o vou exercer, mesmo sendo contra a minha vontade, tenho de me recolher no privado e aí continuar a partilhar as minhas ideias.
No entanto, vou deixar apenas algumas reflexões para todos os que gostam e acompanham o que escrevo, pensarem, não deixarem de amadurecer a diálise dos ideais e das correntes filosóficas.
Será um pais de facto capaz de encontrar os seus desígnios, quando está mergulhado num vazio de valores, de ideias, de uma força interior que o catapulte para uma vontade única, um desejo global de melhorar?
Será que aqueles que criticamos abundantemente, em quem descarregamos as nossas frustrações, chamados políticos, não serão apenas o espelho da real personalidade da nossa sociedade?
Será que, se desejamos melhores políticos, mais honestidade, mais seriedade, mais lealdade e confiança nesses mesmos que nos representam, temos de ser mais exigentes, mais participativos, mais leais para com a nossa sociedade, mais sérios nas escolhas, mais rectos na procura das soluções, mais construtivos nas ideias e mais empenhados em construirmos uma consciência própria?
Será que o egoísmo leviano não terá conduzido uma sociedade a uma desresponsabilização geral da sua cidadania?
E para quê vídeos, a demonstrar quem somos e quem fomos ao longo da história, para mostrarmos aos outros, quando afinal eles deviam ser visionados por nós, que nos temos esquecido de quem realmente somos...
Sou português. Defendo as minhas ideias, os meus ideais, as minhas convicções. Sou liberal, defensor da liberdade individual, compulsivamente contra os domínios do Estado, que penso apenas deve salvaguardar os princípios fundamentais de uma sociedade: Saúde, Educação, Justiça e Solidariedade Social.
Defendo que o Estado deve-se ausentar da economia, como órgão controlador, apenas sendo o órgão Regulador e Fiscalizador. Sou a favor das liberdades do pensamento, sejam eles religiosos, políticos, filosóficos, doutrinas ou movimentos associativos. Sou contra a anarquia, sou contra o extremismo, sou contra a precariedade do pensamento, da personalidade, dos valores. Defendo e sempre defenderei o ser humano como parte integrante de um Universo Único e Global.
Sou um acérrimo defensor da responsabilização do individuo, do mérito próprio, dos deveres individuais e dos respectivos direitos.
Não defendo o Socialismo, nem as vias Comunistas. No entanto, reconheço alguns valores nestas doutrinas, e mesmo sendo contra a sua maioria, respeito-as como existência.
Sou apartidário em Portugal. Não me revejo em nenhum partido politico. Defendo uma constituição diferente em muitos pontos, começando pela definição absoluta do papel do Presidente da Republica. Penso termos demasiados cargos de pura representação. Precisamos é de gente que trabalhe e não de pessoas que representam um nome que tem uma história, um presente e que sempre escreverá um futuro: Portugal.
Defendo a existência e possibilidade de concorrerem em eleições, de movimentos cívicos, bem fundamentados, e bem estruturados. Sou a favor do voto obrigatório, porque penso que quem vive em sociedade tem de assumir os seus deveres, as suas responsabilidades. Estou cansado de gerações à rasca... de criticarem e nada fazerem. Os que de facto querem e desejam a mudança, procuram-na, lutam por ela, gritam em alta voz pela sua identidade.
Não sou nacionalista. Patriota?...
“ A minha pátria é a Língua Portuguesa”. Fernando Pessoa.
E ela fala-se em tantos pontos do Mundo.
Sou eu, Universalista, Humanista, Liberalista. Sou Gnóstico no sentido lato do conhecimento como base do principio do desenvolvimento do individuo. Não no sentido religioso, porque ai as minhas convicções, apesar de formação católica, não são ligadas a nenhum movimento, até ai sou “apartidário”, porque defendo a ciência e a sua descoberta, mas sempre na defesa da Natureza Global, do Universo, e não para a Supremacia do Homem sobre o que o envolve. A igualdade acima de tudo.
E deixo-vos uma história, verdadeira, que se passou comigo, para perceberem que como dizia Cervantes: “O nosso verdadeiro e principal inimigo, vive dentro de nós.”
Quando quis lançar o meu primeiro livro, 11-M, a maioria das editoras fechou-me a porta. Depois apareceu a coragem de uma pequena editora, Palimage de seu nome. Mas teria de comprar um numero de exemplares. Procurei patrocínios para ajudar a comprar esses livros e publicar a minha obra. As portas foram-se fechando, desde associações, ao próprio pelouro da Cultura do município em que vivia. Um dia, lia num jornal diário, o Publico, a existência de uma instituição internacional de luta contra o terrorismo. Tentei a sorte, fui audaz, e consegui os frutos. Eles apoiaram-me, mesmo não me conhecendo, aliás ainda hoje não os conheço, e consegui a edição. Eles leram a obra, gostaram e CONFIARAM.... fica a pergunta...
AFINAL DE CONTAS, O QUE NOS FALTA, CAROS PORTUGUESES?