podes pensar, podes falar, mas tudo o que escrevas tem o poder de ficar.
23 de Março de 2011

 

 

 

E ao dia 23 Sócrates caiu.

Demitiu-se.

Neste momento particular, veio-me à memória um pequeno excerto de um filósofo que admiro muito, Friedrich Nietzsche, que escreveu numa das suas Obras, de nome “ Humano, demasiado Humano”. Falava sobre o Apogeu do Cobarde, e diz assim:

“ Havia num partido um homem, que era demasiado medroso e cobarde para, alguma vez, contradizer os seus camaradas: empregavam-no para todos os serviços, exigiam tudo dele, porque ele tinha mais medo da má opinião dos seus camaradas que da morte; era um lamentável espírito fraco. Eles reconheceram isso e fizeram dele, em virtude das circunstâncias mencionadas, um herói e, por fim, até um mártir. Embora cobarde, interiormente, dissesse sempre não, com os lábios pronunciava sempre o sim, mesmo já no cadafalso, ao morrer pelas idéias do seu partido: é que, ao lado dele, estava um dos seus velhos camaradas, que o tiranizava tanto pela palavra e o olhar, que ele sofreu a morte realmente da maneira mais decente, desde então, é homenageado como mártir e grande personalidade.”

Penso que não há necessidade de expandir-me em mais ilações sobre o Sr. Sócrates. Espero apenas que ele não se torne num mártir, que não façam dele essa pessoa que ele não é.

Vamos viver um período de grandes instabilidades. Incertezas. Medos. Perguntas. Assombros que nos vão caracterizar todos os dias. Mas podemos viver também um momento de grandes oportunidades.

Gandhi escreveu um dia:

“ A meta afasta-se sempre de nós. Pois quanto mais progredimos, mais estaremos conscientes da nossa fraqueza. Mas é no esforço que encontramos a satisfação, não no êxito. O esforço sem reserva vale a vitória total.”

Temos a oportunidade de fazer valer o nosso poder. A Escolha, o poder do Voto.

Mas para isso é necessário sermos exigentes, querermos conhecer a fundo e de forma consciente, o que nos oferecem. Não devemos, já o escrevi no texto anterior, embarcar na facilidade de uma escolha baseada na história. Temos de fazer a opção que achamos ser a melhor, de facto, para melhorar as nossas vidas. Mas para isso temos de nos esforçar.

Vamos escutar o facilitismo do discurso político. Por um lado a fácil critica, com alusões ao que está mal. Por outro o choradinho habitual de quem acha que não conseguiu fazer porque não o deixaram.

Vamos ouvir falar muito de esquerda e de direita.

Vamos escutar palavras como comunismo, socialismo, neo-liberalismo, grande capital, força dos trabalhadores, etc, etc.

Mas será aqui que podemos fazer a diferença.

Hoje vivemos em tempos diferentes, com instrumentos úteis e poderosos que podem, de facto, fazer mudar alguns dos rumos.

O Facebook, os blogs, as opiniões nos jornais, as conversas de amigos, a partilha de informações, tudo pode ser utilizado para obrigarmos os que se candidatam a mudarem a forma de estar, a apresentarem programas credíveis e responsáveis para se sentirem responsabilizados por aqueles que os vão escolher.

Não é possível mudar os políticos que temos.

Logo vamos tentar educa-los.

Está nas nossas mãos.

A escolha é feita entre o cobarde, que ou vota sem saber no que está a votar, ou então abstem-se; e o corajoso, que aproveita os momentos, as oportunidades, para mudar, para criar um novo rumo para um caminho melhor.

O voto em branco é um voto, mas, e depois de uma atenta leitura da Comissão Nacional de Eleições, fiquei a saber que pensava de forma errada. Senão vejamos o que o CNE diz sobre os votos em branco:

“No sentido de promover o esclarecimento objectivo dos cidadãos a este respeito, a

Comissão Nacional de Eleições vem informar o seguinte:

- Os votos em branco e os votos nulos não têm influência no apuramento dos

resultados;

- Será sempre eleito, à primeira ou segunda volta, o candidato que tiver mais

de metade dos votos expressos, qualquer que seja o número de votos brancos

ou nulos.

Ao abrigo do artigo 11.º do Decreto-lei n.º 85-D/75, de 26 de Fevereiro, determina-se

a divulgação da presente nota. “

 

É verdade. Para que algo mude é preciso fazer escolhas. Mas para fazer as melhores escolhas, exijam dos partidos, exijam dos candidatos, peçam esclarecimentos, façam perguntas, usem os meios.

Mas não caiam no facilitismo, na vontade de vingar uma espécie de anarquia ou filosofias de falsas esperanças. Leiam, procurem, discutam. E exijam.

 

Acreditem. Podemos mudar Portugal. Portugal merece, porque todos merecemos. Mas temos de ser responsáveis.

 

E votem, porque senão não vale a pena criticar ou participar.

 

Para mim e desde já, digo-vos uma certeza, Até Sempre Sócrates, nunca mais.

 

A Vocês, Portugueses, cidadãos, até breve, juntos e a lutar.

 

 

 

publicado por opoderdapalavra às 23:32
15 de Março de 2011

 

 

 

Acabo de escutar mais uma entrevista do nosso enfadado Primeiro Ministro. O discurso do coitadinho já cansa. As palavras de um dito Salvador que veio anunciado para livrar este pais da desgraça, já está demasiado gasta e é inacreditável como ele ainda tem fé nelas. As idéias, bem essas, nem se discute, pois estão fechadas, vazias, envolvidas por um manto de lama, capazes de se transformarem em correntes que nos podem algemar e encarcerar para quase todo o sempre.

Mas tenho de admitir que ele é um encenador nato, um actor que desenha muito bem a sua peça, o seu papel, e o representa em palco como poucos em Portugal. Hoje, houve acordo com os camionistas, e ele conseguiu fazer aquele numero de “Olhe, não sabia, uma boa noticia hoje...” em que muitos acreditaram, mas que ele aproveitou para desviar mais uma vez a atenção da sua enorme falta de verdade, e sair como benfeitor deste pais à beira mar plantado.

Eu detesto os papeis de Calimero, por mais respeito que eu tenha à personagem ( do pobre pinto preto, claro). Este Sr. Sócrates abusa em demasia deste numero. Não gosto. Nós não precisamos de choradinhos.  Já bastam os que sentimos todos os dias quando nos deparamos com as contas, as dividas, as compras, os números quase sempre no limite das nossas possibilidades. Precisamos de gente séria, de pessoas que nos digam sempre a verdade, que saibam qual o caminho de facto a seguir, que falem pouco e trabalhem bem, que consigam unir esforços para enfrentarmos, todos, os sacrifícios e os desafios do futuro. Utópico? Até pode ser, mas do sonho não me consigo livrar, talvez porque acredite que existem pessoas assim, apenas não as deixam chegar à vida política.

Não me vou alongar nas criticas desbaratadas à classe política actual. Vejo-a toda com grande desconfiança. E por isso, temo pelo futuro.

Quero falar de um descontentamento geral, de pessoas que estão fartas, que querem ver a luz ao fundo do túnel, esse mesmo que não para de crescer, sem fim à vista. Este sábado foi a contestação da “Geração à Rasca”, que acabou por envolver muitos mais do que simplesmente jovens. Falo dos comentários sucessivos no Facebook, revelando uma impaciência continua com todo o quadro socioeconômico do pais.  Falo da uma musica que vai representar Portugal no Euro Festival, símbolo do estado de espírito de uma sociedade que se vê no meio de um circo, fazendo o papel de palhaços. Falo das conversas de café, das paragens de autocarro, de telemoveis, ou simplesmente de casa.

O desgosto é geral. Mas a vontade de mudar, de alterar o rumo é, a meu ver, o que falta mesmo. Podemos fazer manifestações, colocar idéias e criticas severas nas redes sociais, até mesmo gritar e fazer greves... mas sabem a única coisa que de facto pode mudar Portugal?

O VOTO.

A constituição Portuguesa diz assim:

 

”Artigo 1.o

(República Portuguesa)

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade

da pessoa humana e na vontade popular e empenhada

na construção de uma sociedade livre, justa e

solidária.

 

Artigo 2.o

(Estado de direito democrático)

A República Portuguesa é um Estado de direito

democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo

de expressão e organização política democráticas,

no respeito e na garantia de efectivação dos direitos

e liberdades fundamentais e na separação e interdependência

de poderes, visando a realização da democracia

económica, social e cultural e o aprofundamento

da democracia participativa.

 

Artigo 3.o

(Soberania e legalidade)

1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que

a exerce segundo as formas previstas na Constituição.

2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se

na legalidade democrática.

3. A validade das leis e dos demais actos do Estado,

das regiões autónomas, do poder local e de quaisquer

outras entidades públicas depende da sua conformidade

com a Constituição.”

 

Se não forem votar, expressar a vossa vontade, seja ela qual for, então digo-vos, não vale a pena fazer tudo o que já foi feito, porque não foi nada, rigorosamente nada.

Mas façam-no com a lógica do vosso raciocínio e deixem, definitivamente, os ideais dos vossos pais, os de Abril ou de uma outra época que já não conta no momento. Leiam, investiguem, reflitam. E votem pela vossa própria consciência. Acreditem que só assim poderemos mudar, só assim poderemos fazer com que esta escória comece a afogar-se na sua própria armadilha. Mas precisamos de participar. Votando.

Neste momento difícil para todos, a abstenção é dar a vitória que eles, os políticos, querem. A vitória do desinteresse, do desligar de um pais que deriva apenas entre a promiscuidade e corrupção política, e um aglomerado de gente que “fala, fala, mas não faz mossa”...

Em Abril cantou-se “O Povo é Sereno”... É altura de se cantar verdadeiramente:

“ O Povo está de Volta.”

Cuidado Mr. Sócrates... 

 

 

publicado por opoderdapalavra às 23:27
11 de Março de 2011

 

11 de Março de 2011.   JAPÃO.

Impressionante.

 

 

 

11 de Março de 2004. MADRID

Leiam e sintam a paragem no Tempo.

em www.palimage.pt

publicado por opoderdapalavra às 19:00
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