
Este ano o premio Nobel da Paz foi atribuído ao Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama. Muitos tem sido os comentários sobre esta escolha. Haveria mais candidatos a este premio, com mais visibilidade de obra feita em prol da Paz. Mas o comitê quis apostar no futuro. Gostava de recuar um ano, e pensar no delírio mundial que foi a eleição de Barack Obama. O mundo, à beira de um colapso financeiro, perto do abismo das idéias políticas e sociais, no precipício das referencias humanas e de liderança, encontrou neste homem um tipo de Messias dos dias de hoje, depositando desde logo, sem nenhum tipo de obra, uma esperança inalcançável à maioria das pessoas. A esperança está escrita no significado da possibilidade de realização daquilo que se deseja para si mesmo, com confiança e fé, sendo mesmo uma das 3 virtudes teológicas ( religião cristã) ao lado da fé e da caridade, representadas pela ancora. Por isso estamos perante um sentimento de Paz. Ora, perante isto penso que o comitê teve a visão de pensar o futuro, de ver para lá do que os nossos olhos alcançam, de ter a coragem de colocar num homem o símbolo da mudança. Claro que isto pode de certa forma limitar a acção dele, mas coloca-lhe a responsabilidade de assumir perante todos o que doutrina e o que quer mesmo para o mundo. Essa responsabilidade pode ser um fardo? Penso que não, acho sim, que vai ser uma motivação extra para sentir que está no caminho certo. Ele sempre apregoou que a força não está nele, mas em todos, que em conjunto podemos transformar o mundo. E este "Todos", toma um significado maior perante este prémio. Quer isto dizer que o sentido anterior da ordem mundial, em que havia as diferenças abismais entre os homens do poder e o povo da desgraça, com este ultimo a ter que se subjugar às intenções do primeiro, pode alterar-se e o povo pode não destruir os homens no poder, mas sim pode escolhe-los melhor. Senão vejamos, as principias vozes criticas deste premio, são os senhores das ditaduras, como Hugo Chavez que quis um referendo para instituir a lei de Presidência vitalícia... claro que pessoas como Obama fazem reflectir o povo sobre o seu verdadeiro poder e quando o povo pensa, um ditador cai. Assim o foi, assim o é, e assim sempre será. Logo, dando visibilidade a esta esperança de mudança está-se a colocar em causa as idéias de regimes obscuros e obsoletos. Pensem que por vezes não é a obra que faz o homem, mas sim é o homem que faz a obra. E recordo-vos a todos que Obama nunca foi o favorito a nada, nem dentro dos democratas, nem mesmo nos inícios das presidenciais, havendo sempre uma grande motivação de mudança, mas muita desconfiança na verdadeira mudança. Mas mesmo assim ele nunca desistiu e lutou sempre convictamente e com as forças das suas idéias, e assim chegou onde chegou, contra tudo e contra todos. Pode-se ainda falar do Afeganistão, bem meus senhores e minhas senhoras, faço a seguinte reflexão: primeiro sou contra a Guerra do Iraque, mas lembram-se de um dia de sol, em que 2 aviões embateram contra duas Torres gêmeas, matando mais de 3000 pessoas? Podia ter sido um de vós ou mesmo alguém vosso querido. Lembram-se do dia 11 de Março em Madrid, quando bombas explodiram e mataram pessoas inocentes? Podia ter sido um de vós ou alguém vosso conhecido. Lembram-se de 7 de Julho em Londres? Ok, sei que vão dizer que a Guerra do Iraque despoletou isso tudo, mas até quando vamos andar com o medo da escuridão, do inimigo que ninguém vê e acima de tudo quando é que vamos querer mesmo a paz? O tal dito pensamento que desejamos arduamente sentir, aquela serenidade de pensar que podemos viver num mundo melhor, equilibrado, justo para todos... pois, apenas quando os radicalismos, sejam eles quais forem, mesmo os americanos tem de abandonar alguns, terminarem. E no Afeganistão existe um radicalismo muito perigoso, Taliban. Deixo-vos isto: mulheres que não são vistas como mulheres, mas sim como coisas que quase não existem, tapadas, envergonhadas, mortas à pedrada, acham que isto é cultura ou apenas uma doença?... Penso que aqueles que criticam este premio o fazem apenas porque acham que a vida é um fosso sem retorno, mas não existe muito mais para alem do que podemos ver, e ai, sim está a essência de tudo. Não queiram ser cegos, queiram sim ser bons observadores, só assim podemos chegar ao topo da montanha. Deixem de ser preguiçosos no pensamento, em vez de criticarem sempre, desenvolvam o espírito empreendedor e pensem no que está para lá do que vêem. Sejam livres, como Obama, é lá que está a Paz! Deixo-vos com um conto que reflecte muito do que aqui disse.
Era um discípulo muito preguiçoso. Poucos preguiçosos encontram a libertação espiritual, porque, se assim fosse, haveria incontáveis homens livres. Este deixava todo o trabalho nas mãos do seu mestre, embora aquele lhe repetisse vezes sem conta que o discípulo tem de desenvolver o esforço correcto e que ninguém se pode libertar em nome doutrem. Mas o discípulo preferia ouvir os ensinamentos do mestre e esquivar-se de qualquer pratica para o desenvolvimento de si mesmo. Enganava-se quando pensava que receber os ensinamentos seria mais do que suficiente. O tempo passava e ele não evoluía espiritualmente. Estava cada vez mais longe de alcançar a paz interior. Certo dia, dirigiu-se ao mestre e lamentou-se desta forma:
- É muito bom mestre, talvez... – ironizou – mas não estou a avançar grande coisa com os meus ensinamentos.
- Isso tem bom remédio – disse o mestre, pacientemente – Toma este grão de arroz, planta-o em terra fértil e espera que desponte. Então, eu farei o trabalho por ti e libertarei a tua mente daquilo que a prende.
Passou o tempo, muito tempo. A uma estação seguiu-se outra e assim sucessivamente. O grão de arroz não despontava. Desesperado, o discípulo dirigiu-se ao seu mestre e disse-lhe:
- Escolhi uma terra fértil e tem chovido adequadamente. É inexplicável que o grão de arroz não desponte.
O mestre riu-se e perguntou:
- Sabes porquê?
- Não.
- Então vou dizer-te: porque o grão já estava cozido.
Por melhores ensinamentos, por melhores idéias que podemos aprender e apreender, se não houver esforço da nossa parte em coloca-los em pratica, mesmo que transmitidos pelo melhor mentor, eles não valem de nada.