Foto: Hugo Tinoco
Vida
a respiração por instantes
o pensar que se detém
propriedade estanque de quem não tem
o pensar que se controla
poder perdido de quem apenas é peça de xadrez
o pensar que se conta
matemática vazia de quem é subtraído
os pés na passadeira do tempo
os braços no relógio dos dias
vagueando no absolutismo poço da futilidade
perdidos nesse calendário do medo
receios inesgotáveis de não carecer dos anos
rio desalinhado pelo passado
estreito de um abismo futuro
esquecimento do presente vivido
grita na loucura do batimento
não deixes que o fluxo do fluido desvaneça
na brutalidade da tua ausência
lugar onde nada existe
nem mesmo aquela que sempre desejaste
mas já não tens
propriedade arrebatada pela verdade
pura circunstância de quem te tem.
Vida.