Carta Aberta a 1 Primeiro-Ministro
Sr Primeiro Ministro,
Escreve-lhe um cidadão comum. Gente comum como quem acorda de manhã, depois de um pequeno almoço na corrida do tempo consegue ainda dizer o nome dos filhos, da mulher, segue para um trabalho onde deposita metade da sua vida e onde os rendimentos são deduzidos ao Estado quase na sua metade, regressa a casa pela noite, filhos a dormir, mulher irritada com as imensas contas a pagar, noticias de crise e despedimentos na TV, e ainda por cima o seu clube sempre a perder. Sou mais um dessas almas comuns que quando é chamado a votar fica sempre com a sensação que desta vez é que é, mas rápido se apercebe que afinal é mais do mesmo, porque tudo gira em torno de uma elite rasca, que gasta uns momentos no parlamento na troca de palavras caras, alguns palavrões para aquecer a coisa ( afinal dá na TV e as audiências até podem cair), e uma classe que toma decisões em que os beneficiados são sempre os mesmos e os perdedores são também sempre os mesmos: pessoas comuns como eu!
Na minha reduzida inteligência política, gostava de abordar alguns assuntos que penso merecerem uma elevada reflexão da sua parte, se é que consegue, pois é necessário ser-se mesmo engenheiro dos pensamentos para fazer a dita.
- ( sim, quero ir por pontos, porque senão perco-me nas idéias) então, vou recomeçar:
1. O Sr. Não pode andar por ai sempre a processar quem fala mal de si. Já viu que a critica pode sempre ser o principio da evolução, do conhecimento. O Sr. ao repudia-la, está a negar essa evolução e esse conhecimento. Logo, como pode tomar decisões preciosas se não tem conhecimentos? Já não lhe basta não ter curso?
2. O Sr. não pode ter ministros, ou ministras, que pensam que este mundo é o lema: Quero, Posso e Mando. Eu concordo com as avaliações dos docentes das escolas, não concordo é que se ponha um pai a avaliar um professor, por exemplo. A avaliação dos professores tem é de passar por parâmetros bem definidos, como as matérias aplicadas e suas rentabilidades em termos de notas dos alunos, e aqui não vale o passar por passar, mas sim o passar por mérito, sendo que esse mesmo mérito tem de ter participação activa do professor pois não queremos mais estatísticas de rendimento escolar, queremos é bons alunos e bem formados. E não pode efectuar a avaliação dos professores, colocando um novo a avaliar um mais antigo, pois pode criar situações bem complicadas. Mas o pior, a sua ministra, mulher que parece ser muito mal amada ( o semblante é tão estranho quanto tristonho).
3. O Sr. tem de saber que não vale a pena andar sempre por ai a prometer, prometer, porque isso já ninguém acredita. Acredite, aposte na seriedade, na verdade, não custa nada e olhe que até ganha mais uns votos.
4. Olhe, há pouco falei de estatísticas. Então é assim , o meu vizinho tem apenas o 5 ano. Ele queria ter o 12 ano, e como trabalhava há vários anos numa pedreira, resolveu ir tentar uma Nova Oportunidade. Pediram-lhe para fazer uma exposição sobre as sua pessoa e depois analisaram-na. Passado algum tempo ele tinha o 12 ano. Ele vai fazer parte de uma estatística que o Sr. irá usar como um bom trabalho do seu governo, que contribuiu para uma melhor formação das pessoas. Mas o meu vizinho queria era ter uma melhor formação técnico-profissional e não um canudo a dizer: Parabéns, você tem o 12 ano. E sem estudar. O canudo não lhe trouxe mais dinheiro, mas a formação técnica trazia, pois podia subir dentro da pedreira. Estatísticas dão mesmo muito jeito aos políticos, não é?
5. Sabe um dos principais pilares do crescimento de um povo? Justiça. Agora pergunto-lhe, cidadão, acha que existe justiça em Portugal que possa transmitir segurança às pessoas? Assaltos, assassínios, julgamentos de figuras publicas eternos e sem fim à vista, suspeitas de magistrados com comportamentos menos abonatórios... e já nem falo das sentenças e das penas, que estas até dá pena.
6. Olhe, quando existe uma suspeita contra uma pessoa com a sua responsabilidade, o pais precisa de saber se pode confiar ou não no seu Primeiro Ministro, é tão simples quanto isto. Não nos interessa saber se isso é um jogo de suspeitas ou não , precisamos é de saber se o Sr. está inocente ou nem por isso. O Estado tem de ter mecanismos que rapidamente, numa situação destas ou parecida, possa esclarecer tudo e fazer regressar um clima de confiança entre os cidadãos para com as instituições.
7. Ideologias. Sabe, hoje ninguém as tem. Hoje os políticos tem é interesses.
Olhe, e tenho de terminar por aqui, porque a minha mulher já resmunga na cama, porque nem boa noite lhe digo. Mas pense nisso Sr. Primeiro Ministro, porque sabe, o povo é quem mais ordena.
Atenciosamente,
Um cidadão comum.