podes pensar, podes falar, mas tudo o que escrevas tem o poder de ficar.
29 de Janeiro de 2009

 Existem livros que lemos e deixamo-nos levar pela melodia dos pensamentos, pela doce sabor de uma história bem narrada. Passamos momentos em que a nossa mente se perde no tempo e este deixa-nos repousar no encanto das letras. Este livro é um deles. São momentos intensos, alguns que nos deixam a roçar a lágrima, outros esboçam-nos um sorriso, e aqueles em que paramos para reflectir mais um pouco sobre a importância de tudo isto a que chamamos de vida. São narrações de uma vida dedicada à medicina, à procura talvez de um EU mais profundo. Nuno Lobo Antunes teve o condão de nos guiar pela sua memória com um sentimento de nostalgia, com o olhar amargurado pelos momentos mais calejados pela dor ( lembro-me do funeral da menina que adorava golfinhos), com o toque de um qual mago que tenta o truque de ilusionismo ( a dor passou e agora apenas o sorriso fica). Como escreve o autor:

"Há no médico o desejo de ser santo, de ser maior. Mas na sua memória transporta,como um fardo, olhares, sons, cheiros e tudo o que o lembra de ser menor e imperfeito. Este é um livro de confissões. Uma peregrinação interior em que a bailarina torce o pé, o saltador derruba a barra, o arquitecto se senta debaixo da abóbada, e no fim, ela desaba. O médico e o seu doente são um só, face dupla da mesma moeda. O médico provoca o Criador, não lhe vai na finta, evita o engodo. Mas no cais despede-se, e pede perdão por não ter sido parceiro para tal desafio."

Leiam, vão ver que não doi.

 

publicado por opoderdapalavra às 23:32
26 de Janeiro de 2009

 Se alguém me chama "egoísta", o que está a dizer-me?

Está a dizer-me "não penses em ti, pensa em mim."
Quem é o egoísta?

Desde há três ou quatro mil anos que o Talmude diz:
Se eu não pensar em mim, quem o fará?
E se eu só pensar em mim, quem serei eu?
E se não for agora, quando? 

Existem três categorias de pessoas:
Uma, a que, quando tem frio oferece toda a sua roupa de agasalho.
Outra, a que, quando sente frio, veste a sua roupa de agasalho.
E uma terceira que, quando sente frio, acende uma fogueira para se aquecer a si mesma e a todos os que queiram desfrutar do calor.
A primeira pessoa é suicida: irá morrer de frio.
A segunda é miserável: irá morrer sozinha.
A terceira é um ser humano normal, adulto e egoísta (acende a fogueira porque ele tem frio).
Eu quero ser aquele que acende milhares de fogueiras e, mais ainda, quero ser o que ensina milhares de seres humanos a acender fogueiras. 

Definitivamente, não sou humilde

 

Jorge Bucay.

publicado por opoderdapalavra às 23:34
19 de Janeiro de 2009

Existem momentos em que sentimos um arrepio descendo pelo ventre

São momentos em que a vida parece um conto onde as fadas substituem o poder da realidade

Momentos em que as palavras são transformadas em sonhos e sentimos os pés a voar

Estes momentos conseguem fazer-nos esquecer que houve passado

Esqueçemo-nos que o futuro é já ali, ao dobrar de uma esquina suspeita

Nesses momentos pensamos apenas no presente, essa vida tão pura que não acreditamos existir

Este para muitos é um desses momentos, a chegada de uma espécie de Messias

A Boa Vontade a descer os Céus, pisando os degraus da maldade e a crueldade e extinguindo-as

A certeza de um Mundo diferente, alguém que sorri e todas as primaveras findam com o longo frio

Esse gelo de inverno interminável de dor e sofrimento que co-existe com as nossas almas

É o momento que todos os livros sagrados paginaram nas esperanças de todos os corações...

 

 

 

 

 Mas este é mesmo o Momento!

Mas não esse momento de espanto, em que do perfeito vem Aquele que nos salvará

Pois nem ele mesmo se pode salvar, mas ele mesmo sabe que sendo imperfeito pode sempre

Pode sempre fazer melhor, pensar melhor, construir melhor, co-existir melhor

Ele sabe que acreditando pode-se chegar mais longe, pois com a vontade ele constrói a força

E dessa força ele dará um sorriso, um abraço, um aconchego e assim alguém mais será como ele

Alguém mais se juntará a ele, e de dois virão quatro e multiplicar-se-ão pelo ruas, as cidades e paises

E do Mundo podem vir novos pensamentos, novas formas de fazer alguém mais sorrir e sentir-se vivo

E assim, todos juntos, se poderá construir aquele Amanhã que todos tanto receiam.

Esse é o seu poder, a vontade de fazer diferente, não perfeito, pois haverá sempre o lugar ao erro

Essa forma tão perfeita de se pensar que é preciso aprender, afinal a aprendizagem é a respiração

A respiração da vida...

 

 

 

 

Mas um pais espera por ele, um mundo anseia a sua chegada.

Virá a Verdade! Virão as palavras menos cômodas! Virão os olhares mais carregados!

Mas é na Verdade de se estar à beira do precipício que o Homem consegue finalmente pensar

E do pensamento virá a dor da cruel realidade do seu estado

Mas desta dor virá a vontade de curar, de fechar a ferida e a vontade de mudar

Então o Homem senta-se à beira desse poço ínfimo do vazio e revê os erros

Do erro escreve a lição, as linhas onde tudo se tornará sabedoria

Da lição constrói o mandamento, frase riscada no pensamento do coração, para não esquecer

E do mandamento vem a ordem, a organização de renascer, voltar do embrião ao corpo

E depois erguendo-se o Homem acredita que pode de novo olhar em frente, sem medo

Pois agora mesmo que exista um precipício, este já não o atormenta

Pois aprendeu o erro e com coragem construiu a ponte para uma nova era

A Era da Verdade!

Todos juntos, lembrem-se, ele é apenas um homem que já está do outro lado da ponte...

À nossa espera, pois sozinho não se consegue andar.

publicado por opoderdapalavra às 19:51

 

"Caminharei por uma estrada longa, acompanhado por árvores que me abraçam e me confortam à passagem, e que se movimentam pelo som de um vento orquestrado nas nuvens esbranquiçadas. Ao longe agora já vejo moinhos que deslizam no silêncio do céu encantado pelo azul-marinho. Sinto que já tenho as roupas brancas, sem cor, sem cheiros que as possam assolar, com uma pele suavizada pela frescura da juventude. Caminharei pela estrada em busca do seu infinito final…adeus.”

in O que está para chegar em Breve....

publicado por opoderdapalavra às 19:22
15 de Janeiro de 2009

 

 (...) Acho que não tenho mais nada para dizer. Do meu problema penso que não vou falar, não porque tenha problemas em abordá-lo, mas porque é mais um entre tantos. Penso que contribuo mais em partilhar a minha alma do que o meu corpo. Eu agora vou embora. Vou ser vida na vida. Onde podem-me encontrar? Parem, como vos disse, e olhem. Eu vou estar lá. Como todos aqueles que procuram.”

No silencio da sala, as vozes calaram-se, os olhos ficaram estagnados nos pensamentos que percorriam todas as palavras que ele acabou de ler. Afinal a vida e a morte moram juntas, lado a lado, na península dos corpos. A vida e a morte são a maior das fronteiras, de nós mesmos. 

 

publicado por opoderdapalavra às 21:10
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