podes pensar, podes falar, mas tudo o que escrevas tem o poder de ficar.
05 de Novembro de 2008

 Dia 4 de Novembro de 2008.

Existem dias na História da Humanidade que são marcos e este dia vai ser um deles. São dias em que se vira mais uma página no enorme livro da História, onde se completa mais um ciclo. Acredito que a eleição de Barack Obama é um enorme marco. Os analistas falam do 1º Afro-Americano que chega à Casa Branca, mas penso que isso é o menos simbólico, pois não podemos falar de raças quando o que está em causa é toda a Sociedade Civil Mundial. Aliás existe uma afirmação de Obama que diz tudo, que cito:

“Não há uma América negra, não há uma América branca, nem uma América dos latinos, nem uma América dos asiáticos – há os Estados Unidos da América.”

Eu diria: “ Não existe um Mundo dos negros, um Mundo dos brancos, um Mundo dos cristãos, um Mundo dos Mulçumanos, um Mundo dos latinos ou dos asiáticos – existe o Mundo, que é de todos e responsabilidade de todos.”  E iria mesmo mais longe, parafraseando um pouco Kennedy : “ Não esperes o que o Mundo pode fazer por ti, pensa no que podes fazer pelo Mundo.” E aliás, Obama é tanto negro como branco.

Ontem foi este o pensamento de todos os que ficaram contentes pela vitória de Obama, desde os que tiveram a responsabilidade de o eleger até aos que, espalhados pelo Globo, torceram pela sua vitória. Existe um sentimento de vontade de mudança à escala mundial. Isso é um ponto assente. E parece que todos nós, como qual grande exercito, precisávamos do nosso Grande General, que idealizamos em Obama. Barack tem um sentido profético, pois a mudança tinha de ter um rosto, um tal “Messias” da palavra, para que todo o puzzle da vontade geral se transformasse do pensamento para a pratica. Escrevi à dias sobre o “crash” de mentalidades que temos assistido. Esse vazio foi construído por uma vontade desmesurada do Homem de querer ter o tal Poder Supremo de tudo o que o rodeia. Quis ser mais forte e mais poderoso do que o que o criou, a Natureza. Pois bem, este vazio está caracterizado pela figura dos políticos, daqueles que se aproveitaram de uma Liberdade, prisão mental para todos nós que temos votado em políticos corruptos, para poderem exercer o poder através de uma teia de interesses, jogos escuros, falsas motivações e ideologias e promessas instruídas pela mentira doentia. A Democracia, como regime político, está nas mãos dos cidadãos, e é um dever que tem vindo a amadurecer com o passar dos anos. Há 8 anos, os americanos cometeram o erro de eleger um dos últimos ( esperamos) símbolos de um republicanismo americano de lobbys agregados em interesses quer financeiros quer militares. Reagan, Bush pai e por fim Bush filho foram anos da demagogia da força, ou seja, a América como dona do Mundo, um Mundo que os alimentou, com a subserviência barata e dependente pelo fim da guerra fria e a queda do Muro de Berlim. Foram anos escravizados, onde apenas tivemos a grande lufada dos 8 anos de Clinton, aliás considerados os melhores 8 anos em aspectos como economia, paz e equilíbrio, do século XX. Mas, como dizia atrás a democracia tem vindo a amadurecer nas pessoas. E temos de ser capazes de encarar que todos nós somos responsáveis por esse amadurecimento. Mas somos mesmo! Que ninguém pense que não tem nenhum tipo de papel neste assunto, ou porque não vota

( abstenção), ou porque não tem votado nos que governam. Meus amigos, primeiro, mesmo a abstenção é um processo cívico, pois o desinteresse de um processo eleitoral envolve vários fundamentos como o não acreditar nas ideologias defendidas, o não se rever nos candidatos ou mesmo na tentativa de “sacudir responsabilidades”. Mas os que se abstêm, fazem parte do todo e é no todo que está a Democracia, o poder do voto, o poder da escolha. Mesmo aqueles que dizem “ Não fui eu que os lá coloquei” são responsáveis, porque não conseguiram unir esforços para que se desse a mudança. Todos nós somos responsáveis enquanto parte do todo, o todo que é a sociedade civil. E ontem os Americanos souberam disso e sentiram-nos, por isso, como o crescimento interior é feito com o aprender dos erros, eles quiseram mudar, quiseram crescer enquanto sociedade, enquanto pessoas e por isso afluíram em massa para dizerem: “ Sim, nós somos capazes.”

Os Estados Unidos são um pais multicultural, onde várias nacionalidades se encontram e onde várias filosofias convivem no mesmo terreno, no mesmo rio, no mesmo deserto, nas mesmas ruas, nos mesmos edifícios, nas mesmas escolas, nos mesmos teatros, cinemas e pólos culturais, nos mesmos parques e florestas, nas mesmas praias. Goste-se ou não, os Estados Unidos são um cruzamento dos caminhos que o Homem percorreu durante séculos. Lá estão todos. Para lá partiram todos. Mas não são um pais ideal, pois eu próprio cansei-me de criticar que quem elegeu durante 8 anos um George W. Bush para Presidente, decerto que não pode ser ideal. Mas seremos nós ideais? Será a França, a Alemanha, o Brasil, a China com a sua ditadura comunista, a Rússia com a sua Máfia, a Argentina com o seu declínio, serão eles os ideais? Não existem paises ideais, mas existem paises que vão crescendo como povos livres. E recordo mais uma vez, os Estados Unidos ontem demonstrou que aprendeu, para já, com os erros mais recentes. E digo para já, porque também pensava-se que teria aprendido com o Vietnam, mas afinal...

Outro simbolismo altivo da eleição de Barack Obama é sem dúvida a vitória da nova Política. Sim, a experiência política que tantos doutrinam não pode ser determinante para sabermos se um Homem ou Mulher é bom no exercer das suas funções enquanto governante ou não. O que interessa é a coerência das suas idéias e como as coloca em pratica, isso sim é o verdadeiro político. E claro, sempre com coragem. E para já temos de ter a coragem de crescermos enquanto sociedade civil Mundial. Todos vamos ter de participar nesta mudança, neste novo rumo. Não fiquem à espera que alguém o faça por vocês. Já o disse um dia, somos como o deserto, todos nós somos um grão de areia desse mesmo deserto, e o deserto nunca será o mesmo se cada um de nós não assumir a sua existência, pois todos formam o todo e o todo não é nada sem todos. E façam a diferença, pensem nas vossas responsabilidades, sempre tendo em pensamento que ninguém está fora do jogo.

Barack Obama, obrigado pelo inicio. Barack Obama, agora que chegaste ao topo da montanha, continua a subir.

Esqueçamos os preconceitos, os fantasmas, eles fazem parte do passado, e esse passado não se pode alterar, agora o futuro ainda vamos a tempo.

Sim, nós podemos fazer a diferença.

Sim, nós podemos acreditar.

Sim, nós podemos mudar.

Sim, nós podemos alterar o rumo da História.

Sim, nós podemos pensar positivo.

Sim, nós podemos ser maiores.

Sim, nós podemos ser iguais, porque SOMOS IGUAIS!

Sim, nós já iniciamos, agora é só continuar...

“Um governo que represente verdadeiramente os americanos- que se encontre ao serviço deles- implicará outro tipo de política, que terá de reflectir as nossas vidas tal como estas são de facto vividas. Não será pré-fabricada, pronta servir. Terá de ser construída a partir do melhor que temos nas nossas tradições e terá que dar conta dos aspectos mais negros do nosso passado. Teremos que perceber como chegamos aonde chegamos, a esta terra de facções em guerra e ódios tribais. E teremos de nos lembrar de tudo o que partilhamos, apesar de todas as nossas diferenças: esperanças comuns, sonhos comuns, um laço que não se quebrará.”

Barack Obama.

publicado por opoderdapalavra às 22:21
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