podes pensar, podes falar, mas tudo o que escrevas tem o poder de ficar.
03 de Julho de 2008

 ""A “passionária” da Colômbia 

02.07.2008 - 23h27 Fernando de Sousa
Num país como a Colômbia, uma sociedade “onde não se diz o que se pensa nem se faz o que se diz”, no retrato que um padre fez ao PÚBLICO em Maio, ser como Ingrid Betancourt só pode atrair a má sorte. Neste sentido o Senhor Caído no alto de Bogotá parece mais um aviso do que uma bênção. Mas a jovem política nunca aprendera a calar o que pensava e muito menos a ficar quieta. E assim de alguma maneira o que lhe aconteceu no dia 23 de Fevereiro de 2002 tem uma explicação muito simples.

Ingrid não apareceu na política – irrompeu. Em meados dos anos 90, quando pedia a palavra no Capitólio era para cortar a direito. Um jornalista irá compará-la sete anos depois à pasionaria (Dolores Ibarruri). Falava sem pausas, quase sem respirar e apontava a dedo os pares suspeitos de corrupção. Abria caminho à catanada entre gente que andava entre a política e o tráfico, ou de influências ou de droga. 

Claro, não ganhou muitos amigos, como escreverá em Raiva no Coração (Rage ao Couer, XO Editions, Paris, publicada entre nós pela Terramar). Um dia de Dezembro de 1996, estava Ernesto Samper no poder e ela no seu gabinete de deputada, um homem entrou de repente, disse-lhe para se sentar e não teve meias palavras: “É preciso que saiba que está em perigo, que a sua família está em perigo. Falo em nome de pessoas que já tomaram uma decisão sobre si. Aconselham-na a partir pois a decisão está tomada. Para ser mais preciso consigo, doutora; já pagámos a sicários.” O sicários são pistoleiros. 

Ingrid empalideceu mas reagiu. Pôs os filhos, Mélanie e Lorenzo, então com 11 e sete anos, em casa do pai, um diplomata francês, Fabrice Delloye, em Auckland, Austrália. Escapou depois a um atentado a tiro. Mas continuou a dizer o que achava de quem achava. 

“Chegados a este ponto, vão matar-me também? A minha relação com a morte é a mesma do equilibrista: temos ambos uma actividade perigosa, avaliamos os riscos, mas o nosso amor à perfeição supera invariavelmente o medo. Amo apaixonadamente a vida, não estou pronta a morrer. Tudo o que construí na Colômbia foi também para poder ter a felicidade de envelhecer nela, para ter o direito de aí viver, sem recear por todos os que amo”, escreverá. 

Tinha crescido assim. “Tinha um carácter muito forte”, disse a mãe, Yolanda Pulecio, ao PÚBLICO numa entrevista no ano passado. 

O sentido de humor era outra das suas armas. Na campanha para as presidenciais de 2002, que viriam a ser ganhas por Alvaro Uribe, ainda no poder, andou pelas ruas de Bogotá a distribuir às pessoas preservativos para se protegerem da “corrupção” e caixinhas de Viagra aos homens pedindo-lhes para se levantarem contra os esquemas e a opacidade. 

Foi um dos seus últimos actos políticos antes de perder a liberdade, no dia 23 de Fevereiro de 2002. Aconselhada a não ir a San Vicente del Caguán, para se encontrar com eleitores, ultrapassou, como o equilibrista, o medo, mas não pesou os riscos. “Prometeram-lhe um helicóptero mas não cumpriam”, contou Yolanda. Foi num jipe, com a secretária Clara Rojas, e acabou nas mãos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), a guerrilha comunista, de que era muito crítica, para um cativeiro de 71 meses. 

Os raptos na Colômbia são uma indústria, um estilo de vida. Existem 4200 pessoas nas mãos da guerrilha, das FARC, do Exército de Libertação Nacional (guevarista) ou de bandos de criminosos, de acordo com o programa Voces del Secuestro, da Radio Caracol. Destes, os políticos, os militares ou os polícias são o grupo mais importante pelo seu valor de troca. Mas depressa Ingrid se tornou a refém mais destacada, símbolo de um país sequestrado. O jornalista que a comparou à pasionaria chamou-lhe também a “Joana d’Arc” colombiana. 

“Amo a Colômbia ao ponto de ter feito as escolhas mais dolorosas para ter o direito de viver nela”, escreveu no seu livro de raiva. 

Quatro dias depois do rapto, a guerrilha propôs uma troca de prisioneiros ao Governo. Mas a iniciativa nunca andaria para a frente, condenada a um jogo do gato e do rato, ao mesmo tempo que Ingrid se entranhava mais e mais na selva e se sabia cada vez menos dela. Apareceu num registo de vídeo no dia 23 de Julho de 2002 e noutro em 30 de Agosto do ano seguinte, e depois só no de 30 de Novembro, segundo as autoridades tomado em Outubro, aqui com um aspecto lastimável, magra, triste, de olhos, quase resignados, pregados no chão. 

“Estou fisicamente mal. Não voltei a comer, fiquei sem apetite, o cabelo cai-me em grandes quantidades. Este é um momento muito duro para mim (…)” – escreveu na carta à mãe que acompanhou o registo e comoveu o mundo. ""
in Publico Online.
 
Hoje é mais um dia de Liberdade. Hoje é mais um dia em a força da guerra não superou a força da Liberdade pessoal, de pensamento, de Humanidade. 

publicado por opoderdapalavra às 00:05
01 de Julho de 2008

 Eu lia agora mesmo que ortografia é a forma de escrever as palavras. Será mesmo? Será mesmo que vamos escrever bem apos um acordo que apenas hipoteca a nossa língua? Língua – raiz de uma cultura. Penso cada vez mais que o mundo está a entrar numa espiral decadente. É as línguas que se vendem, os pensamentos que se colonizam, são as raízes que se prostituem, tudo com o fim de poder, de ter, de obter. Esta sociedade está inundada num mar de orgulho egoísta, com a mente a navegar nos interesses próprios e fechada ao altruísmo humano. Sinceramente estou preocupado, não com as guerras que o Homem faz sobre o petróleo, sobre os cereais ( claro que com estas estou é abismado) , mas sim com a ruína do seu intimo. Vejamos:

1)    Estamos cada vez mais pobres, não só de dinheiro, mas acima de tudo de riqueza interior, de conhecimento; perguntem a vós próprios qual foi a ultima grande descoberta de conhecimento que tiveram nos últimos...sei lá... 5 minutos? Pois, 5 minutos é muito pouco...mas será mesmo pouco? Em 5 minutos são milhares os que morrem, os que nascem, são milhões as transformações químicas e físicas que se dão na imensidão do espaço, são milhões as plantas que se renovam, são milhões os peixes que nadam, os animais que fecundam, enfim, 5 minutos é o tempo suficiente para vocês terem um encontro com o conhecimento...basta a vontade para isso, mas pois, estão demasiado ocupados com algo mais: o trabalho, o inferno do transito, as vossas preocupações, o vosso próprio umbigo...pois, vocês mesmos...egoísmo.

2)     A nossa pobreza é uma construção de séculos pela procura do poder. O ser ter mais do que o outro. O não demonstrarmos a fraqueza, o impormos a nossa ordem, o quereremos que as nossas idéias prevaleçam...mas será isso o poder? Será que esse mesmo poder não passa pela verdade de assumirmos o que somos, pela humildade de reconhecermos que erramos e construirmos algo melhor, a frontalidade de enfrentarmos os nossos receios, a coragem de transpormos a fronteira entre o passado e o futuro e vivermos mesmo o presente, de olhos bem abertos?

3)    A nossa pobreza de espírito está a construir os monstros dos nossos pesadelos...Mugabe, Bush, Medved... ninguém pode dizer que então tem responsabilidades no mundo, já o disse no passado, todos somos o todo e o todo somos nós. Por isso, todos nós somos responsáveis uma quota parte pelo que sucede. O que fazer? Olharmos para dentro e olharmo-nos no espelho. Vejam o reflexo e vejam quem são vocês. Não vale a pena fugirem das memórias, das lembranças que nunca se apagam, das fúrias e revoltas que não são nenhuma máquina do tempo, apenas serve para se detraírem, mais nada. O presente é a vida, e se não a viverem, já é amanhã e tudo já passou...agora olhem para o passado que foi há 5 minutos atrás... mudavam alguma coisa? Pois, então 5 minutos sempre é muito tempo e pode alterar tudo...

Vou terminar contando-vos uns minutos que vivi hoje de manhã. Foram apenas 5minutos. Um sol, um céu fantástico. Uma brisa, o fechar dos olhos, o sentir tudo... o ruído transforma-se em silencio, a mente encontra-se com os meus pensamentos. É o respirar de um momento, o calor da vida a esbater-se na pele. Abro os olhos e estou ali, vivo, com o oportunidade de fazer diferente. O que aprendi? Que são momentos como este que são uma espécie de diálise emocional que me faz andar e pensar: vale a pena estar cá!

E escrevo este texto com a minha língua...o português verdadeiro, sem a obrigações, nem acordos, sempre livre.

E a Espanha ganhou. Ganhou o coletivo. Ganhou a cultura daqueles que valorizam o que é deles.

publicado por opoderdapalavra às 00:18
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