podes pensar, podes falar, mas tudo o que escrevas tem o poder de ficar.
25 de Janeiro de 2008



Sou papel sem letra, vazio com fundo.
Sou quem passa sem passar pela vista.
Sou quem fala e sua voz é silêncio.
Sou apenas o que não existe.
Carrego meu peso no caminho do indefinido.
Quedo-me pelas esgueiras de becos desnudados.
Durmo pela retina de uma Lua passageira.
Falo com os mortos que vagueiam pelas ruas.
Ouço o cuspir da indiferença, brutal no coração do nada.
Rezo nos dedos doridos.
Acredito no fim como salvação, apenas como o termo.
Sou invisível no vosso olhar, mas existência no vosso mundo.
Não posso ser ignorância.
Sou vida, e nela tenho de ser escrito e redigido pelo nome.
Não se pode fugir ao podre, quando ele respira nos corredores de nossa casa.
Não posso mais. Tenho de gritar.
Grito.
Ninguém. Apenas eu.
Afinal, o sonho é mesmo o papel em branco, uma linha de vida que nunca é mais escrita.

Volto já. Sentimento.



Life is much too short to sitwonder
Who's gonna make the next movewill slowly pull you under when you've always got something
to prove?

I don't want to wait a lifetime
Yoursmine, yoursmine
Can't you see me reaching for the lifeline?

You say that I misheard you but I think you misspoke
I hear you laugh so loudly while I patiently await the joke

I don't want to wait a lifetime
Yoursmine, yoursmine
Can't you see me reaching for the lifeline?
The lifeline, the lifeline

It's a crime with only victims
We're all laid out in a row
It's hardest to listen to what we already should know

I could hold out for a lifetime
Yoursmine, yoursmine
Can't you see me reaching for your lifeline?
The lifeline, your lifeline, the lifeline
Ben Harper.
publicado por opoderdapalavra às 00:47
10 de Janeiro de 2008

Hoje.
Hoje, sentado na minha cadeira de balouço, baloucei pela azafama de noticias em redor do novo aeroporto de Lisboa. Um ziguezague arrepiante entre perguntas e respostas, criticas e congratulações, um desenfrear de palavras que baralham as cartas do pensamento, deixado-as sempre com a idéia que algo de errado está a acontecer. É que está a acontecer o fecho de maternidades no interior, local belo pela mão de Deus, que por ali certamente descansou, mas enfadonho aos olhos dos políticos que nunca souberam desviar as suas rotas litorais ( nem para um rápido pipi) e assim descortinarem que existem gentes perdidas no tempo do esquecimento dos políticos. Mirandela é um ponto de partida para os bébes tinoni ( que raio de expressão sulista mais parva arranjaram para uma sirene ), eu chamaria mais, os bébes da estrada. São seres que raiaram nas estradas de Portugal ( juro que nada tem a ver com essa instituição anónima...estatal), com os seus ventres desnudados, fazendo arregaçar as mangas de bombeiros inexperientes, mas cheios da boa vontade humana, de fazerem sorrir alguém que grita de dores, e rapidamente consegue parir o fruto da semente humana. Os meus parabéns aos heróis desses momentos de verdadeira obstetrícia. E temos as populações que bradam por um medico que os acuda. São queixas de povos que precisam de um lugar para afogarem as mágoas de serem tristes. Precisam de uma voz, um aconchego, uns ouvidos que escutem as suas eternas maleitas. Pois são do interior, onde o sol parece custar a chegar, onde o tempo encarrega-se de levar o amigo do banco de jardim, a vizinha da conversa da tarde, enfim, todos aqueles que mudaram a sua residência para a terra do silencio. Alijo, vila que se transforma no gélido canto do mundo, perde a sua urgência, para ficar mais perto de Lisboa, sim, porque com a urgência em Vila Real, eles ficaram mais perto da capital...uns 400 ou mais Kms... Fizeram-se estádios vazios, mas fecham-se hospitais cheios. Desertifica-se terras ricas, povoam-se betões maciços e frios. Mudam-se nomes das escolas ( não tenho nada contra o nome de um santo, ele nunca me fez mal), para taparem o oco da educação, raiz de formação cívica e cultural de um povo...mas que não devemos ser nós...destroem o “petróleo” desta nossa terra, de nome beleza natural, fonte inspiradora de poetas e turistas ávidos de um porto, onde o abrigo seja altivo e reconfortante...mas a costa ser bela, não, para quê? Toca a destruí-la...muito betão, muita construção, aliás, quanto mais melhor, não interessa a arvore que está ali plantada há anos, existem outras... Mas, mais importante que preservarmos o nosso pais, é preservar a falta arrepiante de inteligência da informação cultural, social, enfim, esse amontoado de big-brothers gratuitos que nos entram pelas casas e consomem a nossa atenção com concursos casamenteiros ( como é que alguém é capaz de dizer Amo-te 30 vezes seguidas só para ver se impressiona e ganha 100 000 euros? Bem também com uma apresentadora que, talvez sim, ela é que procurava algum príncipe encantado). Olho os telejornais e me espanto com tal tourada de noticias guilhotinas, ou seja, noticias que só falta ver o sangue, o tiro disparado, a cuspidela em directo, a caralhada no ar...
Bem, para já fico-me por aqui...porque estou cansado de tanto desgraçar esta nossa terra que eu amo... amanhã é outro dia, e talvez possa dizer algo de bom, de bem, de melhor...



Volto já. Sentimento.

publicado por opoderdapalavra às 23:31
09 de Janeiro de 2008

Ó Homem que caminhas pelo nada
e soletras os passos desse teu corpo vazio
És a marca desesperada de uma sede
Sede de ser, viver, gritar nos confins de um mundo
Um globo que destruíste na palma da tua mão
esmagando-o contra a pele da tua arrogância
Queres a água da vida, fugires do negrume de uma morte anunciada
Queres o rio que já secou, o verde que já murchou
Queres o céu que manchou-se, e chora agora de raiva
Com o vento que desnuda o horizonte com sua força
Ó Homem, tiveste a vida e jogaste-a fora e agora...
...Agora és Animal sem prado,
Deserto caminhante que busca a gota da água que sacia tua sede
Sede de viver, sede de se poder arrepender
Mas a desculpa foi finita, e o perdão perdeu-se nos corredores desse tempo
Tempo que transformou o teu quadro e o jogou no lixo dos séculos
Séculos, anos que banhaste as oportunidades na leviandade do poder
Mas não podes subestimar o que te é superior,
Esta casa onde habitas, esta lar que desarrumaste.
Mas bebe, usufrui dessa tua ultima lagoa de vida,
pois agora só te resta a morte...





Acorda.
Não fujas ao teu destino.
Não temas o teu poder de mudar.
Podes alterar o rumo e assim transformá-lo.
Bebe a Vida e deixa-a ser Viva.
Arruma a tua casa e recebe o teu convidado.
Serve-lhe o melhor que tens, o teu sentimento, o teu amor.
E deixa-o estar o tempo que quiser.
O que fizeste ontem, pode ser remediado hoje, para que amanhã já não seja tarde.


Volto Já. Sentimento.
publicado por opoderdapalavra às 19:21
08 de Janeiro de 2008

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Sorrir.
Sorrio pela força de me sentir vivo. Vivo pela manhã, ao ver no acordar das horas, uma luz que encanta este meu sorrir.
Sorrio porque tenho as ganas de amar, amando as pessoas, o sol do entardecer, a lua que acorda a noite, os cheiros que perfumam as ruas.
Sorrir não pode ser a hipocrisia dos rostos. Tem de ser a verdade dos corações, das almas que irrompem pelas várzeas do tempo.
Sorrir tem de ser a ingenuidade de uma infância que nunca deve abandonar o pensamento.
Eu sorrio pela vontade de viver, buscar os momentos no crepulsco dos dias e das noites. Tenho vontade de sorrir a quem passa pelo simples passar do olhar. Sorrio a quem pede um simples sorriso, qual bondade alheia que enche qual espirito perturbado. Sorrio pela morte que se avizinha na esquina, mas que a vida afasta com um safanão sorridente. Sorrio pelo pássaro que desliza pelas linhas do céu, ensopado de cores, brilho e escuridão. Sorrio pela pedra que, sabiamente, acolhe o sabor da água que serpenteia os montes. Sorrio pelos quadros que o pintor risca, sentado, pela tarde naquele banco de jardim. E ele sorri para mim, como um cumprimento lisonjeiro, honesto de fartura emocional, sincero. Sorrio para o cão vadio que pasta a sua amargura pelo abandono das sarjetas, mas que responde ao mimo desta mão que o acarinha.
O sorriso não tem de ser uma expressão. O sorriso é um estado. Temos de sentir o sorrir, como sangue que nos alimenta, como carne que nos completa, como osso que nos sustenta. Sorrir é coragem, sorrir é sentimento... um sorriso é como um respirar, é alimento de vida.
Sorriam, mas sorriam verdadeiramente.
Volto já. Sentimento.
publicado por opoderdapalavra às 21:16

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Elogiam o meu sorriso.
Se soubessem...
Se enxergassem seu pano de fundo...
Se mergulhassem em minha´lma profundo
E sentissem-lhe os cortes abertos,
Choro e espanto seriam-lhe certos.
Mas sorrio porque ainda eu sinto
Que lá em cima - ao meu lado - eu minto;
Alguém há muito mais tempo que eu
Já chorou e por mim já sofreu.

Rosely T. Sales

Volto Já. Sentimento
publicado por opoderdapalavra às 00:41
Janeiro 2008
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Grata, sorrisos :o)
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Leitura muito agradável :)Convido a leitura do meu...
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