podes pensar, podes falar, mas tudo o que escrevas tem o poder de ficar.
07 de Maio de 2009

 Carissimos,

a partir de hoje vou publicando uma série de espisódios, que dão pelo nome de "Crónicas de um Pais Menor". Vai ser uma viagem feita por 2 pessoas, numa espécie de circum navegação neste país que é Portugal. Voltamos aos descobrimentos, mas agora na nossa era e dentro do nosso país. Deixo-vos com o primeiro episódio e vão estando atentos aos próximos. Obrigado.

 

 

 

"Aldeia algures em Portugal. Nome? Desconhecido, a placa desapareceu faz anos, com um incêndio. Carmina e Manel Alberto, que o pai teve de escolher dois nomes para não ficar demasiado comum a todos os outros que já existiram nesta terra, eram os únicos dois habitantes deste lugar perdido no tempo. Sabem que moram num país de nome Portugal, mas que terra é esta? Ninguém mais os vem visitar, a não ser de quase 4 em 4 anos, uns senhores vestidos emperaltadamente de fato e gravata, para que eles vão colocar uma cruz ou nas chaminés ou no punho cerrado. Dizem sempre que é a democracia... pois Manel, eu bem te digo que não é para nos darem nada, é mais um daqueles peditórios para alguém ter mais um dinheirito, bem Deus Nosso Senhor até vai achar que estamos a praticar o bem, pobrezitos deles que precisam mais do que nós.

Ora hoje aconteceu-lhes a coisa mais extraordinária na vida. Um homem, de mota na mão, carteiro de profissão, veio com uma carta. Trazia noticias dos filhos que estão na capital deste Portugal, foram à procura da fortuna. Um deles, o João, vai casar e mandou uma carta para os convidar. É lá, temos um problema ó Carmina, então agora temos de sair daqui e irmos a essa terra que nem sei pronunciar o nome... alto lá, são analfabetos sim, mas quem lhes leu a carta foi o carteiro, pois de letras eles apenas sabem a roça das terras. Ó Manel, mas o rapaz vai casar, temos de ir, mas como? O carteiro já ia longe quando se lembraram em perguntar como se ia para Lisboa, lugar de gente de bem, boas figuras, gente que sabe botar a fala dura, gente que come com os garfos brilhantes e tem sempre um pano no regaço. Mas como vamos para lá? Não conheço o caminho... Manel pensou então pegarem no pequeno tractor e porem-se a caminho, qual? Então já lhe dizia o seu avô que todos eles vão dar a Roma, que não deve ser muito longe de Lisboa. Fizeram a malita e vai de por um gasoleo comprado ao Ti Arruda que sempre vem de 3 em 3 meses a estes lados, aliás até foi ele que vendeu esta bela peça de trabalho, na troca de uma vara de porcos... Calma, aqui não há gripes.

Agora que o motor parece não quere deixar falar as pessoas, e caminho fora aos solavancos num terreno meio esburacado, vão cada um pensando o que vão encontrar. Como será este pais? Como serão as pessoas que vamos ver? E se ficarmos doentes, o que faremos? E o dinheiro que levo na carteira, os euros que o carteiro sempre nos traz pelo final do mês, onde os vou gastar? E será assim tão longe, onde vamos dormir na noite? Se calhar é já ali e até dá para regressar antes que o galo estúpido possa cantar...

Vamos a ver que pais é este que vamos descobrir..."

 

CONTINUA.

publicado por opoderdapalavra às 19:44
Há uma questão para a qual nunca tive resposta e que me fascina da mesma forma que um crime perfeito fascinaria Poirot. Mas aonde é que vais desencantar os nomes dos teus personagens ?
Anónimo a 25 de Maio de 2009 às 10:12
Pois, para quem me escreve, apenas te digo, meu Caro, que os nomes vem do momento, como as descrições, surgem, assim do nada...
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