meu mar de tormentas em soldo
quero banhar-me em ti como um corvo
asas esguias pelo tardar do anoitecer
assim que chegar o som do meu arrepiar
não fujas de mim como um tordo
quero-te, enfim, em meu corpo de jasmim
que cheiras em todo o teu fim
quando vens com o teu sabor a sal
pisas meus pés de cal,
esses que se desfazem como letras perdidas
naquela folha branca que se rasga com o teu bradar
gritas por mim pelos confins
onde não te ouço
apenas o silencio adormece os meus simples olhos
que deixaram-te ver o que não era segredo
vem até mim, mar atormentado
sem que ondas te possam aliviar
essa dor em que navegas
pois agora seremos amarrados
corpo a corpo, sem que possamos mais fugir
do que foi o destino a corrigir
para assim ficar o mar ameno
sem que mareta venha entardecer o som do adeus.